Aulas de Jiu Jitsu

Do Japão para o Brasil: O jiu jitsu Brasileiro

Sensei Maeda, o Conde Koma. O termo jujutsu (ou, dependendo da região do Japão devido aos diferentes sotaques, jiu jitsu) é de origem japonesa e significa "suave arte" (ju é traduzido por suave: 柔 e jutsu por arte: 術). Tal termo foi criado por volta do século 17 d. C., tornando-se, após esse período, um termo comum para se referir a uma grande variedade de treinamentos relacionados a luta corpo a corpo no Japão feudal. Eram vários os estilos de Jujutsu. No Brasil ficou conhecido como jiu jitsu e foi inserido por volta da década de 20, trazido por Mitsuo Maeda Koma (o lendário Conde Koma). Mitsuo Maeda foi discípulo do criador do judô, sensei Jigoro Kano (Maeda na verdade foi um de seus mais aplicados discipulos). Naturalizou-se brasileiro como Otávio Mitsuo Maeda e junto com Antônio Soishiro Satake, outro japonês naturalizado brasileiro, foi pioneiro do judô em países como Brasil e Reino Unido, entre outros. Maeda foi fundamental para o desenvolvimento do jiu jitsu brasileiro através de seu ensino a família Gracie. Ele era também um promotor da emigração japonesa ao Brasil. Maeda ganhou mais de 2.000 lutas profissionais em sua brilhante carreira. Suas realizações levaram-no a ser chamado de "O homem mais forte que já viveu", e é referido como o pai do jiu jitsu no Brasil. Quando foi morar no Pará, Conde Koma conheceu Carlos Gracie, a quem ensinou o técnicas do jiu jitsu tradicional na condição de este ser mantido em segredo. Carlos Gracie não só aprendeu a técnica, como ensinou a seus irmãos entre os quais fazia parte Hélio Gracie, o caçula da família, que veio a ser o grande gênio nessa arte, desenvolvendo-a a tal ponto de hoje ser considerada como a arte marcial mais eficiente do mundo, e no exterior sendo conhecida como Brazilian jiu jitsu.

Sensei Helio Gracie Hélio Gracie nasceu em Belém do Pará em 1 de outubro de 1913. Quando criança a família Gracie mudou-se para o Rio de Janeiro. Devido à sua frágil saúde, Hélio, o mais franzino dos Gracie, não podia treinar o jiu jitsu tradicional ensinado pelos seus irmãos. Observador, Hélio passou a acompanhar, dos seus 13 aos 16 anos, as aulas ministradas por Carlos. Aprendeu todas as técnicas tradicionais e ensinamentos que seus irmãos aprenderam com Mitsuo Maeda, mas, para compensar seu biotipo, Hélio aprimorou a parte de katame waza (técnicas de submissão), através do uso do dispositivo de alavanca, dando-lhe a força extra que não possuia, criando assim o Brazilian jiu jitsu. O katame waza (técnicas de submissão) é dividido em ossae waza (técnicas de imobilização), kansetsu waza (técnicas de torções) e shime waza (técnicas de estrangulamento). A primeira oportunidade de lecionar jiu jitsu veio quando Hélio completou seus 16 anos de idade. Um diretor do Banco do Brasil, Mario Brandt, chegou para uma aula privada na original Academia Gracie no Rio de Janeiro, como estava marcado. Porém Carlos Gracie, que era quem lecionava chegaria atrasado. Hélio, então, ofereceu-se para dar aula ao rapaz. Mais tarde quando Carlos chegou se desculpandp pela demora, Mario afirmou que não havia problema, porém, gostaria de agora em diante receber aulas de Hélio. Carlos concordou com o pedido e então Hélio se tornou um instrutor na academia. Hélio então percebeu, que mesmo sabendo as técnicas teoricamente, seria difícil executá-las devido à sua fraqueza. Percebendo que muitas das técnicas requeriam força bruta. Consequentemente ele passou a adaptar a arte marcial para seus atributos físicos. Com esses experimentos, surgiu o jiu jitsu Gracie, mais tarde conhecido como jiu jitsu brasileiro (ou Brazilian jiu jitsu em inglês). Usando as técnicas aprimoradas por Hélio Gracie, um praticante menor e mais fraco ganharia a capacidade de se defender e até derrotar oponentes mais fortes. Hélio Gracie faleceu no dia 29 de janeiro de 2009 em Itaipava (RJ), aos 95 anos de idade. Estava com pneumonia e os exames também mostraram leucemia. Foi-se o sensei Hélio Gracie e ficou seu impressionante legado para o mundo das artes marciais.

Mensagem do Mestre Hélio Gracie

“O jiu jitsu que criei foi para dar chance aos mais fracos enfrentarem os mais pesados e fortes. E fez tanto sucesso, que resolveram fazer um jiu jitsu de competição. Gostaria de deixar claro que sou a favor da prática esportiva e da preparação técnica de qualquer atleta, seja qual for sua especialidade. Além de boa alimentação, controle sexual e da abstenção de hábitos prejudiciais à saude. O problema consiste na criação de um jiu jitsu competitivo com regras, tempo inadequado e que privilegia os mais treinados, fortes e pesados. O objetivo do jiu jitsu é, principalmente, beneficiar os mais fracos, que não tendo dotes físicos são inferiorizados. O meu jiu jitsu é uma arte de autodefesa que não aceita certos regulamentos e tempo determinado. Essas são as razões pelas quais não posso, com minha presença, apoiar espetáculos, cujo efeito retrata um anti jiu jitsu.”